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domingo, 22 de maio de 2011

O processo de construção do conhecimento permeado pelas inter-relações professor-aluno



A tarefa fundamental do educador é a formação do cidadão, procurando resolver com
competência seus próprios problemas e buscando saídas para os problemas educacionais. A tarefa
mais importante do trabalho pedagógico consiste em proporcionar à criança e ao adolescente
oportunidades para encontrar sua identidade. Os professores constituem figura importante no
processo de identificação da criança e do adolescente com o adulto, oferecendo-lhe oportunidades
para essa identificação, vivendo em sua presença sua identidade pessoal de educador


Schraml (1968) questiona a identidade do professor e a força de sua influência no
desenvolvimento do aluno, assim como o compromisso das instituições formadoras de educadores,
responsáveis pela orientação de sua atividade profissional, levando-o ao contato com seres em
formação.
Questiona sobre as razões que motivaram o professor para o campo educacional, as
alegrias do magistério, a preocupação com a organização de sua própria existência pessoal e a busca
de conhecimentos proporcionados pela educação. Chama a atenção para a importância das
compensações e frustrações relacionadas às expectativas quanto a seu desempenho profissional,
lembrando que a identidade profissional dá a segurança indispensável para que seja capaz de
transmitir segurança ao educando.
Ressalta a necessidade de maior cuidado quanto à seleção e orientação dos profissionais
responsáveis pela educação, promovendo o autoconhecimento e uma melhor qualificação dos
educadores.
O grau de satisfação ou insatisfação do docente, suas expectativas e o tipo de interações
que mantém com o educando podem contribuir de maneira positiva ou negativa, tanto nodesempenho escolar, quanto no desenvolvimento psicoemocional e social do aluno

O professor tem de estar consciente de que não basta uma boa proposta pedagógica
Deve estar atento aos valores que passa aos alunos, permeado por suas relações e atitudes, pois elas
são assimiladas facilmente e têm uma força muito grande na formação do educando e no sucesso da
aprendizagem. Deve ter consciência dos fatores de ordem pessoal que atuam como forças
desencadeadoras do processo de ensinar e aprender, permeados pelas interações afetivas e
cognitivas nas relações professor-aluno, exigindo que ele se assuma como principal responsável
pelo sucesso desse processo.
Meirieu (1998, p. 80) aprofunda a reflexão sobre o ato da aprendizagem e estabelece
referências a partir das quais o professor poderá elaborar, regular e avaliar sua ação pedagógica.
Analisa o “triângulo pedagógico: educando-saber-educador” e a relação pedagógica, racionalização
didática e estratégias individuais de aprendizagem, no processo de ensinar e aprender. Lembra que
aprendizagens significativas vão permitir ao aluno construir seus próprios mapas de conhecimento e
verdades, a partir de suas vivências


A cada dia se valoriza mais o caráter construtivo do processo ensino-aprendizagem,
priorizando o aluno capaz de selecionar, assimilar, processar e interpretar, conferindo significado a
sua aprendizagem. Não se concebe mais a figura do professor e do aluno como simples transmissor
e receptor de conhecimentos. Valorizam-se os processos de interação professor-aluno,
desencadeando e promovendo a aprendizagem.
O ato educacional implica uma série de decisões sobre o que o educando tem que
aprender e sobre as condições oferecidas pelo professor para que o aluno interaja com os conteúdos
do ensino.
Coll e Solé (1996, p. 294) alertam para a complexidade da sala de aula com sua
realidade permeada por conhecimentos, habilidades, valores e expectativas de seus atores,
afirmando que “a aula configura um espaço comunicativo regido por uma série de regras cujo
respeito permite que os participantes, o professor e os alunos possam comunicar-se e alcançar os
objetivos a que se propõem”

O processo de ensino-aprendizagem implica a interação de três pólos: o aluno que busca
aprender, o objeto do conhecimento e o professor que interage, buscando favorecer a aprendizagem.
O professor é o orientador, o coordenador e o facilitador do processo de ensino-aprendizagem. Para
que sua orientação influa sobre os processos de construção do conhecimento, deve estar atento aos
mecanismos das relações interpessoais nas interações com o educando, sem perder de vista que a
ajuda pedagógica deve adequar-se às necessidades e características de seus alunos. Sua intervenção
pedagógica deve contribuir para que o aluno, frente às motivações do contexto educacional,
desenvolva sua capacidade de realizar aprendizagens significativas, aprendendo a aprender econstruindo seus conhecimentos


Delors (2001, p. 90) alerta quanto à complexidade da missão educacional no mundo
atual, definindo novas políticas educacionais e organizando-se em tomo de aprendizagens
significativas que, ao longo da vida, se constituirão os pilares do conhecimento: “aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser”, garantindo que a educação
propicie “a descoberta e o fortalecimento do potencial criativo, revelando o tesouro escondido em
cada um de nós”.
Evidencia-se, nesse contexto, a necessidade de se dedicar atenção especial à orientação
dos professores, por meio de cursos de formação que priorizem a relação teoria-prática, num espaço
de construção coletiva de conhecimento, possibilitando o desenvolvimento de competências
necessárias a sua atuação profissional, com vistas a favorecer o desenvolvimento integral do
educando e o sucesso do processo ensino-aprendizagem.
Os anos 90 e a nova LDB 9394/96 situam a escola no centro dos debates sobre a
educação, buscando compreender sua real função social, sua política educacional e a importância do
trabalho pedagógico na consecução de seus objetivos, garantindo o sucesso do processo educacional
(BRASIL, 1996)


Tendo em vista a consecução dos objetivos educacionais e o sucesso dos projetos
pedagógicos, torna-se de fundamental importância a promoção da competência política e técnica de
todos os autores do processo educacional, em especial do professor, contribuindo para a melhoria
contínua das condições técnicas, organizacionais e humanas. Para que isso aconteça deve-se
propiciar a formação continuada do educador, em consonância com as necessidades da organização
escolar. O desencadeamento de um processo de formação contínua dos professores em serviço,
possibilitando-lhes condições para refletirem sobre sua prática, ajudando-os a compreender o
contexto de sua ação docente, buscando vislumbrar a importância de seu papel como educadores,
pode mudar a ação docente, levando a práticas comprometidas com os processos de tomada de
decisão e de produção do conhecimento, com a realidade dos alunos, com a melhoria do processo
ensino-aprendizagem e com a participação efetiva na formação integral do educando.
Alertamos quanto à necessidade de se repensar o trabalho didático e as relações
professor-aluno, assim como propiciar o desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional dos
professores, no próprio contexto educacional, envolvendo todos os elementos responsáveis pelo
processo. Acreditamos que a mudança não depende apenas da conscientização do professor, masprincipalmente do apoio técnico, pedagógico e administrativo, numa constante reavaliação e
reformulação da prática educacional, buscando significado para seu ser e seu fazer.
O professor deve ter a preocupação constante de atualizar-se, procedendo a uma revisão
crítica de sua proposta pedagógica e de sua atuação, possibilitando aprendizagens significativas,
favorecendo o desenvolvimento afetivo cognitivo e o sucesso do processo ensino-aprendizagem.
Portanto, deve-se promover o desenvolvimento desse professor, orientando-o e assistindo-o na
organização de um ambiente escolar e no processo ensino-aprendizagem significativo para o
educando. Assim, permitirá a formação de jovens que pensem, sintam e atribuam valores, como
indivíduos criativos e produtivos, conscientes de seu próprio valor pessoal, interessados na condição
humana, capazes de idealizar e vislumbrar um um melhor, do qual possam fazer parte.


CRÉDITOS: Celeida B. Garcia Cintra Pinto

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