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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Aprendizagem da Leitura e da Escrita



Vários autores, estudiosos do processo de aquisição da leitura e da escrita, concordam que ele se inicia muito antes do que geralmente se imagina, quando a criança, mesmo sem frequentar a escola, começa a tomar contato com materiais escritos, em casa, na rua, ou em qualquer lugar onde se encontre.


Entre esses pesquisadores, uma autora argentina e também psicopedagoga chamada Emília Ferreiro contribuiu bastante para o entendimento de como ocorre o processo de aprendizagem da linguagem escrita. Segundo afirma, a criança pensa sobre a escrita, formulando hipóteses sobre ela, como maneira de compreender o que significa.


Essas hipóteses acontecem em todas as crianças e vão evoluindo desde a fase pré-silábica, na qual ainda não há intenção de representar através da escrita os aspectos sonoros da fala, até chegar ao padrão alfabético, que é aquele no qual a criança associa sons falados a letras escritas.


Dessa forma, quando a criança faz traços contínuos no papel e atribui-lhes significado (como, por exemplo, quando escreve “hjfgdklgjhergrqilurgsd” e lê O menino caiu), ela está escrevendo, ou seja, está fazendo uma atividade investigativa sobre a escrita, que será importante para que ela possa evoluir gradativamente em sua aprendizagem. Por isso, essas tentativas da criança não devem ser motivos de chacota, ao contrário, devem ser incentivadas e reforçadas.


Estímulo à aprendizagem


Durante a aprendizagem da escrita, a criança passa por várias fases até chegar à hipótese alfabética, na qual realiza uma análise sonora da palavra que vai escrever, fazendo corresponder a cada som de fala um caráter escrito. A produção escrita da criança torna-se legível para o adulto, embora não haja ainda o domínio das regras de ortografia, o que ocorre posteriormente, de forma gradativa. Também esse processo deve ser estimulado, através da apresentação de materiais escritos na escola e no ambiente familiar, já que trata-se de uma aquisição cultural, ou seja, que não ocorre apenas internamente na criança.


Nessa fase de escrita alfabética, as crianças podem escrever palavras como, por exemplo, “dinosauro” (dinossauro), “tatussinho” (tatuzinho) e “jacare” (jacaré). É necessário que estejam em contato com vários materiais escritos, através dos quais possam perceber as diferenças no padrão de escrita do idioma e compará-los com sua maneira de escrever para que adquiram a escrita ortográfica.


É importante ressaltar que podem ocorrer diferenças individuais quanto à idade em que as crianças passam por cada fase de evolução da escrita. Essas diferenças têm a ver também com o maior ou menor interesse e estimulação (principalmente da família) em relação à oferta de material significativo de leitura e escrita.


Contudo, é desejável que os pais observem a evolução de todo esse processo e estejam atentos a dificuldades específicas, que podem necessitar de ajuda profissional, principalmente quando a criança está em uma fase inicial do processo e a requisição escolar é de uma fase mais adiantada. Nesses casos é necessário diagnosticar os fatores que podem estar interferindo para, então, fazer com que a criança evolua e acompanhe o que é pedido para seu nível de escolaridade.


Como já foi citado, é importante que a criança possa ter acesso ao material escrito para que construa o conhecimento da linguagem escrita.


Leitura com prazer


A leitura, parte desse processo, também desenvolve-se de forma gradual, é um hábito a ser adquirido e deve ser fonte de prazer e não apresentada de forma obrigatória através de imposição ou cercada de castigos e ameaças.


Sua apresentação deve ocorrer o mais cedo possível na vida da criança, já no ambiente doméstico, através da família e dos pais. Estes são os primeiros incentivadores, promovendo a aproximação com a linguagem desde o momento em que cantam para os bebês, brincam com eles usando histórias, adivinhações, rimas e expressões folclóricas, ou folheiam livros e revistas buscando figuras conhecidas e perguntando sobre seus nomes.


A leitura reflete-se de forma significativa na escrita da criança (e do adulto também), na medida em que, ao ler, memorizamos as correspondências ortografia-som sem memorizar regras, e apreendemos também as exceções das mesmas, além de ampliarmos o vocabulário e o conhecimento das estruturas de diferentes textos, o que aumenta o repertório e reflete-se em uma escrita melhor.


Isso explica as diferenças quanto à apropriação da ortografia (saber, por exemplo, que a palavra “onça” deve ser escrita com “ç”, apesar do som de fala ser “s”). Escrever respeitando os padrões da língua é um processo gradual, mas depende muito da estimulação que a criança recebe quanto ao uso significativo (para ela) de material escrito.


Os adultos que participam da vida da criança têm papel fundamental no aprendizado da leitura e escrita. Por isso é importante que sejam modelos de leitura, que leiam freqüentemente para a criança e que introduzam a leitura em sua vida o mais cedo possível. Afinal, ler é um hábito a ser desenvolvido e, como todos os hábitos, só se instala se for realizado muitas vezes.


É fundamental entender que essa aprendizagem é gradativa, que devem ser respeitadas diferenças individuais e não se deve punir e criticar a criança por ela não estar lendo ou escrevendo como outra da mesma idade. Isso poderia atrapalhar o seu desenvolvimento, gerando nela sentimentos de insegurança e incapacidade.


Ao contrário, deve-se compreender que, quanto mais à criança associar a leitura e a escrita com atividades úteis e que lhe dêem prazer, maior será o seu desejo de aproximar-se delas, maior facilidade ela terá de aprendizado (afinal, aprende-se a ler e escrever lendo e escrevendo) e maiores chances ela terá de levar a leitura e a escrita como aliadas para toda a vida.



Dra. Tânia Regina Belo
Psicopedagoga e Fonoaudióloga

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